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CGU reteve provas de subornoDelator deu ao governo, em agosto de 2014, provas de repasse de US$ 31 milhões em propina. Apesar da riqueza de detalhes do material entregue por Taylor, a CGU só decidiu abrir um processo contra a SBM no dia 12/11, após a reeleição de Dilma.Leandro Colon | FOLHA DE SÃO PAULO
15 de abril de 2015 às 10:18
A CGU (Controladoria-Geral da União) recebeu durante a campanha eleitoral do ano passado informações detalhadas sobre o repasse de US$ 31 milhões em propinas pagas pela empresa holandesa SBM Offshore para fazer negócios com a Petrobras. O ex-diretor da SBM Jonathan Taylor disse à Folha que entregou à CGU dados sobre depósitos feitos entre 2008 e 2011 numa conta da Bienfaire, empresa sediada nas Ilhas Virgens Britânicas e controlada pelo lobista brasileiro Júlio Faerman, apontado como o operador encarregado de distribuir o suborno no país. A Folha teve acesso ao documento, uma tabela com os valores, as datas dos depósitos e os projetos da Petrobras a que se referem. A SBM aluga para a estatal plataformas de exploração de petróleo. Segundo o documento, três transferências para o lobista, no total de US$ 4,6 milhões, foram feitas por causa da plataforma P-57, inaugurada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010, quando ele estava em campanha para eleger Dilma Rousseff.
As informações fazem parte de um dossiê entregue por Taylor à CGU no dia 27 de agosto do ano passado por e-mail. O recebimento do material foi confirmado pelo órgão, que mandou três funcionários até o Reino Unido para tomar o depoimento de Taylor no dia 3 de outubro. Apesar da riqueza de detalhes do material entregue por Taylor, a CGU só decidiu abrir um processo contra a SBM no dia 12 de novembro, após a reeleição da presidente Dilma Rousseff e o anúncio de um acordo da SBM com o Ministério Público da Holanda. À Folha Taylor acusou a controladoria de esperar a eleição para processar a empresa, que pagou pelo menos US$ 139 milhões ao lobista Júlio Faerman entre 2007 e 2011. Ao justificar a decisão tomada em novembro, a CGU afirmou que demorou porque somente naquele momento identificou elementos de "autoria e materialidade" suficientes para abrir processo. O ex-funcionário da empresa holandesa também entregou à CGU uma gravação de uma reunião em que um executivo diz que a propina paga pela empresa pode ter atingido 5% em alguns casos. Participaram da conversa, que ocorreu em março de 2012, o próprio Taylor, o principal executivo da SBM, Bruno Chabbas, e o ex-diretor Hanny Tagher, então agente da empresa em vários países. Tagher afirmou que Júlio Faerman cobrava comissões equivalentes a 3% dos pagamentos que a SBM recebia da Petrobras. Segundo ele, o lobista dizia que ficava com 1% e distribuia os 2% restantes. Em alguns casos, de acordo com Tagher, as comissões podiam chegar a 4% ou 5%. Taylor então perguntou: "Isso ia para as pessoas da Petrobras?". Tagher respondeu: "Sim". O diretor jurídico da SBM, Alessandro Riguto, confirmou que a reunião ocorreu, mas afirmou não ter detalhes sobre ela. A empresa acusa Taylor de chantageá-la e diz que as gravações foram tiradas de contexto. Leia mais em: Entenda melhor o caso: Governo segurou denúncia de suborno
Posição da AUDITAR:
"A AUDITAR deplora a inserção na Lei da novidade dos “acordos de leniência”, denominação que por si já ofende a consciência cívica, e propõe que o Congresso considere sua revogação, pois os Auditores do TCU não transigem diante da malversação de recursos públicos" (pronunciamento de 25 de fevereiro de 2015: "Respeito ao Povo Brasileiro").
Basta de leniência com a corrupção! |